quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Gapene promove Varanda Cultural em Salvador


 Acontece no dia 16 de novembro   no Butkimbuí em Salvador , a abertura do Projeto Varanda Cultural do Gapene ( Grupo de Apoio a Presos e Egressos Nordeste) tendo como convidado  Roberto Diamanso.
Cantador nordestino, nascido em Alagoas, músico, compositor e poeta cristão, Roberto Diamanso é conhecido por declamar belas poesias, absolutamente engajadas em nossa riquíssima cultura. Músicas repletas de espiritualidade que aquece nossos corações na direção do Criador.

 Diamanso já possui alguns discos gravados e seu estilo característico é o regional, onde ele aborda temas como ecologia, amizade, amor e futuro, entre outros, num estilo musical que ele auto intitula Louva Deus. Sonoridade, beleza lírica e visão de mundo cristã estão presentes em suas músicas e poemas. Com um senso de responsabilidade social típico do homem do nordeste, desenvolve com sua esposa um projeto social que atende crianças na periferia de Guarulhos.


Quem ouvir “Menestrel” ou “Plantas e Habite-se”, (o terceiro CD saí do forno em breve), vai encontrar MPB com cara nordestina. Vai se encantar com o sotaque que lembra Xangai ou Elomar, se deliciar com a mistura de forró pé-de-serra com cordel eco-apocalíptico.

Ouvir (e ver) Diamanso é uma experiência única, daquelas que depois de vividas, devem ser guardada, feita jóia preciosa, naquele baú de preciosidades que todos nós temos em algum canto do coração. Diamanso é um cantador do reino de Deus que nos faz enxergar, com suas músicas cheias de imagens, o que há de belo, puro e poético na alma do sertanejo que sofre sob o sol inclemente nas caatingas.


Suas histórias, mescladas com humor e poesia, são repletas da sabedoria do homem simples, homem do povo. Suas cantorias são viagens ao som de violas, pandeiros, rabecas e acordeons, que nos faz enxergar um Brasil que raramente vemos em programas de tevê. É coisa linda de se ver, ouvir e guardar.

Serviço:

Dia: 16.11.2010
O quê: Projeto Varanda Cultural – Gapene
Quanto: R$ 5
Horário: 19hs
Onde: ButkImbuí  

terça-feira, 19 de outubro de 2010

II Feijoada Beneficente do Gapene



O Grupo de Apoio a Presos e Egressos Nordeste (Gapene) promove dia 02 de novembro a II Feijoada Beneficente Recuperart. A intenção é levantar fundos para a Casa de Acolhimento Gapene localizada em Simões Filho.
Ingressos: R$12

Informações: Valmir, Telma , Joe e Viviana
(71) 8823 1870 / 8804 0031 / 9934 7717

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

I Feira da Primavera no Imbuí

Acontece em Outubro (9), das 8 ás 17hs, a I Feira da Primavera nas Praças Centrais do bairro do Imbuí. A iniciativa é do Gapene (Grupo de Acolhimento a Presos e Egressos Nordeste) com renda revertida para o Projeto Recuperart (Casa de Acolhimento de Egressos /Simões Filho). A Feira tem a função social de aproximar os moradores da comunidade dos serviços básicos de utilidade pública e expor os trabalhos realizados pelo Gapene na reinserção de presos e egressos no Mercado de Trabalho do Nordeste . Durante a I Feira da Primavera serão disponibilizados para os moradores do local Workshops de Beleza, Culinária , Artes ,Ornamentação de Plantas, Bazar de Roupas (a preços populares) e Atendimentos Básicos na Área de Saúde.
 

Informações e Parcerias : Jesse Jane Souza
( Gestora Social / Gapene)
(71) 8895-9357

Educação para a Reabilitação Penal


Reabilitação, reeducação, ressocialização, reinserção social e outros res são termos equivalentes para designar a pretensão dos discursos bem intencionados com vistas a alcançar os fins da chamada terapia penal: devolver a pessoa presa à sociedade para que ela possa ser um cidadão útil e produtivo.
Contra todas as teorias que apregoam a finalidade punitiva da pena, sucessivas pesquisas têm demonstrado que a experiência precoce da punição (ADORNO, 1986; SILVA, 1998) é um fator de retro-alimentação da reincidência carcerária.
Na prisão, as possibilidades de se alcançar os objetivos da terapia penal ainda são, no imaginário coletivo, majoritariamente relacionadas ao trabalho, à aquisição de uma profissão e à obtenção de um emprego após a liberdade. José Pastore e Márcio Pochman são dois produtivos pesquisadores que desvendam a complexidade das relações de trabalho e não relutam em apontar para a crescente limitação do trabalho enquanto elemento estruturador do modo de vida na atualidade.
Eu mesmo, no livro O que as empresas podem fazer pela reabilitação do preso (SILVA, 2002), prefaciado por José Pastore, fui investigar o que se faz em termos de oferta de postos de trabalho dentro das prisões brasileiras e o que este significa na elaboração de um futuro projeto de vida para o preso após a sua liberdade. Minhas conclusões são plenamente corroboradas pelos estudos de Pastore e de Pochman, com as agravantes de que, além da incipiente qualificação profissional oferecida pelo trabalho realizado no interior das prisões, a remuneração não representa um justo pagamento pela força de trabalho utilizada, não há qualquer preocupação para a construção de uma cultura do trabalho e o peso do preconceito pelos antecedentes criminais quase que eliminam as chances de um emprego formal com benefícios sociais e trabalhistas adicionais.
Em segundo lugar, no imaginário coletivo, a Educação aparece como o método mais preconizado para a reabilitação de presos.
Diferentemente do trabalho, a Educação não comporta impeditivos para a reconstrução da vida em liberdade, mas a questão é: porque ela não apresenta resultados eficazes na maioria dos estabelecimentos prisionais existentes ao redor do mundo?
Se o objetivo primordial da Educação é o desenvolvimento da pessoa humana, seria de esperar que ela tivesse especial significado no meio penitenciário. Não obstante, salvo raras exceções, ela não tem surtido efeitos neste meio nem tem sido seriamente considerada como instrumento de reabilitação penal.
Muitos estudos, desde pesquisas acadêmicas, observações diretas por parte de educadores profissionais, relatórios produzidos por investigações judiciárias e parlamentares até monitoramentos realizados por entidades de defesa dos direitos humanos, assinalam que os programas educativos em estabelecimentos penitenciários são inadequados, de baixa qualidade e de pouca freqüência por um único motivo: incompatibilidade entre os objetivos e metas da Educação e os objetivos e metas da pena e da prisão.
Esta incompatibilidade não é de ordem epistemológica, ainda que se possa afirmar que a condição de confinamento prolongado, a necessidade de rápida adaptação a um ambiente hostil marcado pela cultura da violência e a perda de referenciais de valor seja capazes de suscitar outras formas de saberes e de produção de conhecimentos.
A incompatibilidade também não é de ordem metodológica. Paulo Freire (1995) e Moacir Gadotti (1993), quando convidados a refletir sobre o tema, não hesitaram em refutar esta hipótese, alertando que a pretensão de se criar um método exclusivo ou próprio para a educação de presos só acentuaria a sua discriminação.
A incompatibilidade, diria eu, é de ordem conceitual. Enquanto prevalecer a concepção de prisão como espaço de confinamento, de castigo, de humilhação e de estigmatização social, a Educação não terá lugar na terapia penal, limitando-se a ser, como efetivamente é, apenas mais um recurso a serviço da administração penitenciária para ocupar o tempo ocioso de alguns poucos presos e evitar que se envolvam em confusões.
A Educação é marcada pela intencionalidade e para isto se serve do espaço, do tempo, da progressividade dos conteúdos, do método, da didática, do controle e da avaliação e visa alcançar seus objetivos em médios e longos prazos.
Desenvolvimento dos domínios cognitivo, afetivo, psicomotor e da sociabilidade, que são os objetivos da Educação, segundo definição de Bloom (1974), são perfeitamente compatíveis com os objetivos da terapia penal, mas requerem condições que favoreçam o afloramento de habilidades e competências que precisam, posteriormente, serem continuamente exercitadas.
O desenvolvimento dos objetivos educacionais exige também a adoção de certos tipos de procedimentos e visam alcançar determinados resultados que são expressos, por um lado, em habilidades para analisar, julgar e tomar decisões e, por outro, são determinantes da qualidade da interação social que o indivíduo estabelece, exatamente o que se pretende com a pena de privação da liberdade, ou seja, levar o indivíduo ao arrependimento, avaliar a conseqüência de seus atos e devotar respeito às demais pessoas.
Faz-se imperativo então fomentar um diálogo entre a Educação e as outras áreas de conhecimento que incidem sobre a execução penal, principalmente as Ciências Jurídicas, essencialmente normativa, de onde provêm os parâmetros, tanto para a arquitetura prisional quanto para os regimes disciplinares e as exigências de segurança dos estabelecimentos penitenciários.
Do ponto de vista arquitetônico a prisão deve diminuir a sensação de confinamento que lhe é característica, provocando alienação em relação ao tempo, ao espaço e rupturas com os símbolos de referência que organizam a estrutura afetiva e emocional do preso.
Do ponto de vista da segurança, esta deve incluir a segurança de quem está dentro da prisão e não apenas a segurança externa da sociedade, pois esta sensação de insegurança se traduz, para o preso, em percepção de injustiça, de inconformidade com a pena aplicada e de desejo de vingança pelas humilhações sofridas.
Finalmente, do ponto de vista disciplinar, esta deve favorecer o estudo, a reflexão crítica, o debate de idéias e a problematizarão a condição existencial do preso e não apenas focalizar a obediência, a submissão e o exercício da autoridade.

Roberto da Silva - é pedagogo, mestre e doutor em Educação, professor do Departamento de Administração Escolar e Economia da Educação, da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo. Foi membro do Conselho Estadual de Política Criminal e Penitenciária do Estado de São Paulo, consultor científico do Instituto das Nações Unidas para Prevenção ao Crime e Tratamento da Delinqüência (Ilanud) e atualmente é consultor da Organização dos Estados Ibero Americanos (OEI) para Educação em prisões.

Foto: Projeto de Leitura ( Complexo Lemos Brito)